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Ao longo da história do transporte no Brasil, e também em todas as demais partes do mundo, sempre houve uma grande dificuldade em dispor de motoristas para dar conta das necessidades de transporte. Para se ter uma ideia, houve época em que os motoristas simplesmente ficavam parados em algumas regiões ou próximo a embarcadores que tinham grande demanda de transporte, e ficavam aguardando a chamada para um novo serviço.

Houve um importante salto tecnológico a partir dos anos 70, com a adoção dos chamados Rádios PX no Brasil, que possibilitavam a comunicação em longas distâncias e que permitiam aos embarcadores e empresas de transporte poder contratar seus motoristas de frotas ou autônomos a seu serviço.

Aqui é importante notar uma característica do mercado brasileiro de transporte: a importância dos motoristas autônomos para as operações. Tomemos como exemplo o agronegócio: nos picos de demanda de transporte, na colheita da safra, dificilmente as maiores transportadoras que atuam no segmento conseguem dar conta de toda a demanda apenas com suas frotas próprias. É neste sentido que os milhares de motoristas autônomos que atuam em nosso país se tornam essenciais nestas operações, dando conta dos altos picos sazonais de demanda.

Voltando à evolução: com adoção dos Rádios PX os embarcadores e transportadores que precisavam de caminhoneiros para dar conta de oportunidades e de necessidades de transporte poderiam contatá-los e saber se eles estavam disponíveis e a que distância eles estavam.

Isso por si só já auxiliou em uma maior agilidade do transporte. Mesmo assim havia entraves: mesmo que quisessem operar com motoristas autônomos de confiança, os transportadores e embarcadores não tinham como saber se a distância que separava as cargas dos motoristas não inviabilizariam o atendimento das demandas que estavam em suas mãos.

O mercado se comportou mais ou menos assim durante muitos anos até que, a partir do final dos anos 90, e até o presente momento, a telefonia celular e os rastreadores se tornaram elementos vitais de conexão e ativação desses motoristas e um facilitador para os negócios.

Mas foi a partir da evolução do smartphone e da criação de múltiplos aplicativos que novas formas de fazer a conexão entre um frete e o motorista se tornaram possíveis. Fazendo uma analogia com o que acontece com motoristas por aplicativo como Uber ou no 99, surgiram empresas que se propuseram a fazer essa ponte entre cargas e motoristas, de demandadores de frete, ou seja, embarcadores e indústria, com empresas de transporte e motoristas que poderiam fornecer sua mão de obra e veículos para a realização deste serviço.

É difícil tentar explicar por que é que, ao contrário do que aconteceu por exemplo com Uber ou 99 nos aplicativos de transporte individual, ou mesmo o caso de iFood e Rappi, no caso do delivery de comida, não houve uma consolidação dos aplicativos de frete para o transporte por caminhão no Brasil.

Podemos especular que uma das razões seja cultural, ou seja, ainda não há uma cultura tecnológica no Brasil entre os caminhoneiros do uso desse tipo de solução.

Outro elemento que não podemos descartar é que em um espaço relativamente curto de tempo em nossa história surgiram muitos aplicativos com propostas semelhantes e que acabaram criando uma grande segmentação no mercado.

E isso sem considerar que surgiram também aplicativos dessa natureza focados em determinados nichos de indústria, outros com mais força regional, por exemplo, e esse fenômeno levou muitos embarcadores e grandes grupos de distribuição a se questionar se valia à pena arcar com os custos de intermediação de fretes desses provedores, ou se eles mesmos não poderiam, com algum investimento, contratar programadores e eles mesmo desenvolverem suas plataformas de relacionamento junto a transportadoras e motoristas.

Então, aquilo que se propôs como solução acabou tornando-se um novo problema para os caminhoneiros: em vez de disporem de apenas um único aplicativo para conseguir novos trabalhos e fretes, passaram a ter que dispor de dezenas de aplicativos diferentes concorrendo pelo espaço na tela de seus smartphones, nos quais ele poderia, eventualmente, conseguir algum trabalho.

No dia a dia isso acaba não sendo nem um pouco prático, porque eles precisam ficar oscilando entre os diversos aplicativos e notificações destes em busca de um trabalho, sendo que nem sempre os custos de deslocamento do local onde ele está até o ponto de coleta estão inclusos na remuneração, o que implica para o caminhoneiro autônomo mais uma carga adicional que ele precisa administrar mesmo já estando tão pressionado por custos elevados como a manutenção de veículos, o diesel e seus próprios rendimentos, mantendo margem saudáveis.

A nossa conclusão é que o mercado ainda não conseguiu criar uma solução que atenda às duas pontas da equação, a demanda por transporte e quem a atende, de uma maneira equilibrada, saudável e eficiente.

É vital, por exemplo, que a tecnologia permita diminuir ao máximo possível a distância a ser percorrida por um motorista até o seu próximo trabalho, reduzindo o consumo de combustível, as emissões de gases do efeito estufa e a poluição, o desgaste de veículos, de pessoas, e ainda melhorando os rendimentos para os motoristas que são a espinha dorsal da logística no Brasil.

Enquanto apenas alguns quiserem ser a força dominante, atuando como intermediadores na negociação de fretes, nós não teremos um ambiente mais equilibrado e que permita o transporte mais eficiente. Urge portanto que as empresas do segmento se mobilizem no sentido de criar novas e mais avançadas soluções, eficientes e sustentáveis.

Será que, nós nos perguntamos, se o paradigma atual é o mais longe que podemos chegar com a tecnologia para um transporte mais eficiente? Nós acreditamos que é possível ir mais longe e (identificamos aplicações inovadoras em desenvolvimento que passam) passam por combinar a geolocalização dos recursos de transporte já existentes em plataformas equilibradas que sejam independentes do app que o motorista tem em seu celular, facilitando o uso para toda a cadeia. Veremos se esse é o próximo passo rumo a logística 4.0.

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