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Há quem goste. Mas são poucos. Quem não goste, muitos. Indiferentes? Quase nenhum. É a reação típica aos projetos de caminhões desenvolvidos pelo designer Luigi Colani, que, apesar do nome dar a impressão de ser italiano, era na verdade alemão, nascido Lutz Colani.

Notabilizou-se ao curso de uma longa carreira por chefiar um estúdio de design que projetou de tudo: de bicicletas a automóveis, de casas a móveis, passando por utensílios domésticos variados, computadores, etc. Produziu até praticamente o final da vida, tendo falecido aos 91 anos em setembro de 2019. Desenhou automóveis e projetos para Fiat, Alfa Romeo, Lancia, Volkswagen, and BMW.

Para o que nos interessa – e o público do blog da Guep – também produziu caminhões com um design….digamos… extravagante. Para dizer o mínimo. Suas primeiras incursões nos projetos de caminhão vão ao início dos anos 70 do século passado, quando o mundo se via às voltas com o choque dos preços de petróleo, produzidos pelos então países da Opep, o que fez com que o preço dos combustíveis fosse às alturas (no Brasil, como reflexo desse movimento, mais tarde teríamos uso do etanol como combustível).

Usando um estilo de design que chamava de “biodinâmico”, Colani apostava em veículos com curvas suaves, formas alongadas e arredondadas e complementadas com elementos voltados a diminuir ao máximo o arrasto aerodinâmico, tudo isso para conservar energia e economizar combustível.

As formas exóticas eram resultado de uma maturidade na manipulação da fibra de vidro, material leve e maleável, que ele dominara tecnicamente após uma passagem pela fabricante de aviões McDonnel-Douglas nos anos 50, então sim, se você ver semelhanças dos caminhões de Colani com aeronaves não será mera coincidência.

Um de seus modelos mais icônicos é o 2001, projetado no distante ano de 1978 e que recebia este nome por imaginar como seriam os caminhões no ano 2001. A característica mais marcante do veículo, feito sobre a plataforma de um Mercedes-Benz 1729, é a sua cabine avançada sobre o capô baixo com uma bolha de vidro servindo de cabine e que trazia uma curiosa estrutura típica dos projetos de Colani: um limpador de para-brisa composto por três lâminas em um rotor, alusivo também ao logotipo da Mercedes-Benz.

Outros modelos se seguiram, cada um trazendo uma melhoria ou novo arranjo aerodinâmico e que, sem modificações nos seus modelos-base, poderiam gerar uma economia de até 30% no consumo de combustível. Colani chegou até a trabalhar em conjunto com engenheiros para produzir melhorias em motores a diesel com novos sistemas de ignição e injeção.

Mais tarde, em 2007, produziria modelos em conjunto com a alemã Siemens, parceria que anos mais tarde geraria o que talvez tenha sido seu modelo mais exótico: o Siemens Innotruck, desenvolvido em 2012 e que tinha por característica uma cabine que mais lembrava um caça a jato ou uma nave espacial, onde a cabine se fundia ao espaço de carga em um único elemento e o trem de força ficava numa unidade móvel logo abaixo, com uma forma pronunciada e afunilada, para obter a máxima performance aerodinâmica com redução de até 50% no consumo de combustível!!! Em lugar do volante, um manche semelhante ao de um avião e um painel com tela sensível ao toque para os principais comandos e instrumentos.

Arrojadas, polêmicas, as formas dos projetos de Colani sempre despertaram interesse e curiosidade, mas nunca foram abraçadas massivamente pela indústria, uma vez que implicariam em uma mudança radical nas linhas de produção e cadeias de suprimento.

Os projetos ficam como um registro de um momento em que design industrial ousou trazer novas formas ao transporte de carga. Estaria Colani muito à frente de seu tempo?!

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